2010/04/29

M9 - ARQUITECTURA



As primeiras décadas do século XX ficaram marcadas, na arquitectura e no design, por discussões relacionadas com as relações entre “Arte e Técnica” e “Forma e Função”. O Modernismo (na arquitectura e no design) caracteriza-se pela adesão plena às inovações tecnológicas e pela fidelidade à “verdade dos materiais”. Pelas preocupações com a proporção à escala humana. Um dos conceitos fundamentais do pensamento modernista é que “a forma segue a função”. As bases do Modernismo cristalizaram no Estilo Internacional, nas décadas de 1920 e 1930. Até atingir essa cristalização, a arquitectura Modernista da Escola de Chicago e de Glasgow e da Secessão Vienense tornou-se progressivamente mais racionalista e funcionalista:“tudo o que não tenha função não pode ser belo”. A arquitectura caminhou no sentido da planta de organização livre, da depuração formal e da desornamentação dos edifícios, explorando as potencialidades da parede sólida, lisa e sem decoração, enquanto símbolo da nova era da máquina. Aplicando as regras do desenho industrial à arquitectura, Peter Behrens utilizou as estruturas metálicas (gaiola estrutural), explorou as potencialidades do betão nas fachadas e as “paredes cortina”, inteiramente feitas de vidro. Para Walter Gropius o papel da arquitectura consistia em “dar forma artística ao espaço da técnica e não em decorá-lo.

2010/04/19

M4 A Cultura da Catedral

OS VITRAIS
Além da função decorativa e de elemento de forte simbologia, fornecem-nos inúmeras informações acerca das características e do modo de vida durante a Idade Média. Os vitrais eram amplamente utilizados na decoração de igrejas e catedrais, o efeito da luz solar que por eles penetrava, conferia uma maior imponência e espiritualidade ao ambiente, efeito reforçado pelas imagens retratadas: cenas religiosas. Essas imagens funcionavam também como uma narrativa para instruir os fiéis, principalmente a maior parte da população que não tinha condições de ler. As imagens são consideradas uma espécie de escrita que ajudava na doutrinação dos fiéis. Nos vitrais também é comum identificar personagens não-bíblicas, que correspondem a indivíduos que colaboraram com doações para a construção de uma catedral.



Legenda:

1. Capela Radial
2. Deambulatório
3. Altar
4. Coro
5. Corredores laterais do coro
6. Cruzeiro
7. Transepto
8. Contraforte
9. Nave
10. Nave lateral
11. Fachada, portal.





2010/04/12

M9 A Cultura do Cinema

A CONSULTAR:
http://www.esfcastro.pt:8079/users/franciscosilva/Vanguardasartisticas.html

EXPRESSIONISMO




FAUVISMO



O Fauvismo é considerado a primeira vanguarda por pretender libertar a utilização da cor da sua tradicional referência directa à natureza ou à realidade. A expressão fauve foi utilizada pejorativamente pelo crítico de arte Louis Vauxcelles na sua apreciação às obras, referindo-se à forma agressiva, quase selvagem, como era aplicada a cor em tons puros e directamente sobre a tela, dependente exclusivamente das emoções dos pintores. Os novos valores cromáticos introduzidos na pintura inspiraram esta nova geração de pintores a exaltar as cores em tons fortes, quentes e vibrantes, que mais não pretendia exprimir os seus sentimentos e as suas emoções em composições livres, berrantes e enérgicas.

O TEMPO DAS VANGUARDAS

As várias correntes artísticas que se desencadearam no princípio do século XX concordaram pelo menos num aspecto: a destruição dos conceitos e dos valores estéticos tradicionais e a criação de novas linguagens artísticas. Exigia-se originalidade e ruptura. A dissolução da imagem figurativa na pintura foi a tendência. Conferir à pintura uma linguagem autónoma e auto-suficiente, livre da representação dos objectos e do espaço concreto, foi um dos objectivos comuns à maioria desses movimentos.
- Os fauves: conferiram à cor um valor plástico puro;

- Os expresionistas: romperam os vínculos da arte com a representação do visível;
- Os cubistas: destruíram o espaço tridimensional tradicional e a interpretação volumétrica das formas;
- Os futuristas: negaram ao espectador a sua condição de mero observador da obra;
- O neoplasticismo holandês: destruíu definitivamente toda a figuração e abandona qualquer inspiração no mundo real.

O CINEMA




A invenção do cinema é atribuída aos irmãos Lumiére. Filmaram em 1894 e 1895 "A saída dos Operários de uma Fábrica" e "O Grande Café Paris", conseguindo finalmente realizar um sonho antigo - captar imagens em movimento. A história revela-nos que, durante séculos, os artistas se esforçaram por desenvolver uma técnica de semelhança fazendo da pintura o primeiro processo de representação da realidade observável. A fotografia foi o passo seguinte, aparentemente mais eficaz na sua capacidade de reprodução da realidade. Ainda antes dos Lumiére, Muybridge construiu um aparelho que lhe permitiu fixar imagens de um cavalo a galope (http://www.artsmia.org/animal-locomotion/index.html) que foram consideradas como a primeira série cinematográfica.

“Kinetoscópio” - Invenção de Thomas Edison que consiste num gabinete com cerca de 15 metros de película enrolada em bobinas, que permitia a visualização de imagens em movimento através de um buraco.

O pioneiro do cinema encarado como indústria foi George Méliès que produziu inúmeros filmes de ficção onde desenvolveu engenhosos truques que lhe permitiram criar uma linguagem visual particular e específica. Para lá de simples imagem em movimento, o cinema é um dos grandes testemunhos sociais e artísticos do século XX.



O ESPAÇO

Até à 1ª Grande Guerra a Europa dominara o mundo sob o ponto de vista político, económico, científico, tecnológico e demográfico. Todavia, após as grandes guerras, a situação mudou radicalmente. No período instável dos anos 20 e 30, mas principalmente após a 2ª Grande Guerra, muitos europeus abandonaram o continente, fugindo às perseguições políticas e raciais ou, simplesmente, em busca de melhores condições de vida. O destino principal da emigração europeia era o continente americano, nomeadamente os Estados Unidos. Muitos destes emigrantes eram provenientes das classes médias e médias-altas e detinham bons níveis de formação cultural, académica e profissional (médicos, professores, cientistas, artistas…).
Os dirigentes americanos apostaram numa política de promoção e financiamento da cultura e da ciência, aprovando e mantendo programas de investigação científica nas mais variadas áreas.

Durante e após a 2ª Guerra Mundial muitos sábios alemães foram convidados pelos EUA a continuarem ali as suas pesquisas. Foi uma época de grande dinamismo científico que conferiu aos EUA a liderança mundial, em termos industriais e tecnologias de ponta, o que se reflectiu na qualidade de vida das populações. Algo semelhante aconteceu com a criação artística e intelectual. Logo após o fim da 1ª Grande Guerra muitos foram os artistas europeus de vanguarda que viajaram definitiva ou temporariamente para os EUA (Man Ray, Duchamp, Breton, Mondrian, Miró, Dalí, Tzara...). Em pouco tempo os EUA tornaram-se berço de importantes correntes de pensamento artístico com origem na Europa e que para ali se deslocaram. Isto originou o conceito de “cultura ocidental” que viria a espalhar-se com a ajuda dos meios de comunicação de massas.



O TEMPO





Entre 1914 e 1918 travou-se, essencialmente na Europa, a 1ª Grande Guerra - considerada como um marco histórico no início do século XX. A partir desta Guerra estabeleceram-se novas correlações de forças no mundo, marcando o declínio da Europa e a ascensão dos EUA à condição de principal potência mundial.

A novidade nesta guerra é que foi travada entre potências industrializadas que utilizaram o desenvolvimento tecnológico no seu esforço bélico. O resultado foi devastador. O saldo foi de mais de 19 milhões de mortos, dos quais 5% eram civis.

Após a guerra, o mapa da Europa sofreu modificações significativas. Novos países surgiram e outros perderam território. A Alemanha ficou económica e militarmente arrasada enquanto os Estados Unidos despontavam como grande potência do século XX.Foi criada a Liga das Nações com o objectivo de resolver diplomaticamente problemas futuros entre as nações.As mulheres ganharam espaço no mercado de trabalho já que muitos homens morreram ou ficaram mutilados.

Na Rússia a Revolução Soviética triunfara em 1917. As democracias ocidentais passaram por enormes dificuldades. A guerra destruíra a economia. Uma inflação galopante e um desemprego dramático provocaram uma grande agitação social, incrementando o movimento operário, animado pelos partidos de esquerda. Os Estados Unidos da América tinham expandido extraordinariamente a sua economia, tornando-se a maior potência mundial a todos os níveis, originando o mito do american way of life.

Contudo, em 1929, o crash da bolsa de Nova Iorque veio mostrar como a prosperidade do pós-guerra era frágil, provocando a Grande Depressão. Na Europa, a Grande Depressão veio travar a recuperação económica, abrindo caminho a posições políticas e sociais de grande radicalismo que culminaram na tomada do poder por partidos autoritários, fortemente nacionalistas, que provocaram uma instabilidade insustentável. Estava aberta a via que haveria de conduzir à 2ª Guerra Mundial entre 1939 e 1945. Esta guerra, ainda mais destruidora que a anterior, terminaria de forma macabra com o lançamento de duas bombas atómicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.

Espaço de guerra e de desolação, atravessado por oscilações económicas e grandes mutações sociais, este tempo ficou marcado por uma profunda consciência dos limites da humanidade e da sua capacidade de auto-destruição.

O fim da Segunda Guerra Mundial marcou o início de um novo equilíbrio internacional. De um lado o mundo capitalista e liberal, liderado pelos EUA, do outro, o bloco comunista com a URSS à cabeça.

No caos político, social e económico que a guerra espalhou, os valores do pensamento racionalista, optimista e positivista do século XIX. A ciência e a tecnologia tinham, afinal, aplicações perigosas, capazes de pôr em causa a própria existência da espécie humana.

Instala-se, entre os intelectuais, o cepticismo, o relativismo, o sentido do absurdo, a crise de valores e a contestação sistemática e socialmente provocatória.

No Ocidente, a modernização dos modos de vida nas grandes cidades esteve na origem de uma cultura de massas em que a publicidade e a propaganda passaram a ser utilizadas no sentido de manipular e orientar os padrões culturais das populações. Os principais veículos da massificação que então alastra no mundo capitalista foram (para além dos jornais) a rádio, o cinema e uma novíssima invenção que veio transformar definitivamente o panorama sociocultural: a televisão.

Assim, entre a massificação crescente e alienante da cultura/modos de vida e a velocidade a que as transformações se operavam, a arte ganhou para si própria um estatuto cada vez mais individualista e independente. A arte reivindicou autonomia e liberdade em relação à sociedade ou programas ideológicos e temáticos, declarando independência e ausência de limites na sua criação. Ao questionar a sociedade, a arte questionou também o seu próprio papel no contexto social e as relações que estabelece com o público, repensando o papel e a figura do artista.


O INÍCIO DO SÉCULO XX

"Conturbado, agitado e conflituoso, o século XX foi marcado por imensos contrastes. De um lado, uma sociedade em crescente progresso económico, científico e tecnológico, uma civilização essencialmente urbana e massificada, e do outro, continentes e países cada vez mais pobres, autênticos palcos de fome guerra e miséria, totalmente dependentes do mundo ocidental. Todavia o acentuado crescimento da indústria, da tecnologia e da produção, não deixou de criar tensões políticas, rivalidades ideológicas e um clima de grande instabilidade que conduziria a conflitos de dimensão mundial. E, se a 1ª Guerra Mundial (1914-1918) foi o culminar da radicalização dos nacionalismos oitocentistas, já a 2ª Guerra Mundial (1939-1945) revelou-se um choque eminentemente ideológico, opondo dois sistemas políticos profundamente antagónicos: a democracia e as ditaduras fascista e comunista.
No início do século XX, a "vida moderna" tão propagada pelos artistas e intelectuais do século anterior, era uma realidade. Novos inventos e dscobertas na área da ciência e da tecnologia impuseram mudanças a um ritmo vertiginoso; novos hábitos e costumes sociais afectaram o quotidiano das pessoas; a publicidade determinou gostos, atitudes e interesses massificados; a mulher adquiriu direitos e alterou a sua condição social e cultural; os electrodomésticos tenderam a facilitar progressivamente as tarefas rotineiras; o telefone traduzu-se num dos inventos mais revolucionários; o automóvel converteu-se no símbolo da civilização moderna; o avião encurtou distâncias entre os lugares; a comunicação social - a rádio, a televisão e a imprensa - constituiu-se como um poder autónomo na sociedade; o cinema afirmou-se como a mais excelente revelação da modernidade; e a música criou novos sons, novos ritmos e novas expressões, recorrendo a suportes e influências de origens muito diversas. Estimulados por este ambiente, os artistas da vanguarda enveredaram por uma via de ruptura e experimentalismo, à velocidade do tempo que assimilaram e à dimensão do espaço que conceberam." (Paulo Simões Nunes).