2008/04/20

Aerogramas Militares



Aerogramas Militares Isentos de Franquia - Guerra Colonial 1961 - 1974

Correspondência do Ultramar para a Metrópole. O transporte destes era sempre efectuado por via aérea. Eram postais bastante utilizados pelas tropas em serviço, com tarifa privilegiada. Os aerogramas eram editados pelo Movimento Nacional Feminino (MFN) que tinha por objectivo apoiar os soldados portugueses na guerra colonial, paralelamente às chamadas «madrinhas de guera», movimento igualmente presidido por mulheres da alta burguesia ligada ao regime salazarista.


MADRINHAS DE GUERRA:

Movimento Nacional Feminino (1961-1974), uma estrutura de mulheres criada e organizada para apoiar os militares, as suas famílias e o esforço do Estado Português em África. Mulheres cuja vontade para o serviço resultava de uma selecção que obedecia aos seguintes itens: nacionalidade portuguesa, maiores de 21 anos, moral idónea, espírito patriótico, coragem, capacidade de sacrifício, confiança na vitória e capacidade de transmissão dessa ideia.

Às "Madrinhas de guerra" era pedido/estipulado a distracção do(s) seus(s) afilhados através da troca de correspondência, em que na mesma fosse expresso a transmissão de coragem, confiança, orgulho pela prestação de um importante serviço à Pátria.
Por outro lado, deviam também estabelecer contactos com a(s) família(s) desse(s) soldado(s), amparando-a(s) em tudo o que fosse possível, nomeadamente em termos morais e materiais.

Registe-se que o pedido dos soldados de "Madrinhas de Guerra" devia fazer-se directamente para a Comissão Central do Serviço Nacional de Madrinhas, onde era devidamente analisado e correspondido de acordo com as possibilidades. Salienta-se que as madrinhas deviam ser da mesma região, cidade ou povoação vizinha do(s) afilhado(s), por questões de afinidade, conhecimento da família e mais fácil prestação de apoio.Importa dizer que o aumento entretanto verificado do número de pedidos tornou notória a insuficiência de inscrições por parte de voluntárias.

As próprias voluntárias acabavam por se envolver com as situações. Umas, certamente mais do que outras, acompanhavam com ansiedade o percurso africano do(s) seus(s) afilhado(s) e acabavam por viver intensamente a situação, juntamente com a(s) família(s) a que ele(s) pertencia(m).Algumas destas mulheres estão ainda hoje vivas. Algumas destas mulheres falaram já do que foi esse seu trabalho. E confirmam. Confirmam o que sentiram, também elas, embora diferentemente, num contexto de guerra.



"Que cada uma de nós se lembre que lá longe, nas províncias ultramarinas, há rapazes que deixaram tudo: mulheres, filhos, mães, noivas e o seu trabalho, o seu interesse, tudo enfim, para cumprirem o seu dever de soldados. É preciso que as mulheres portuguesas se compenetrem da sua missão, e assim como eles estão cumprindo o seu dever, lutando pela nossa querida Pátria, também vós tendes para cumprir o vosso, lutando pelo bem-estar dos nossos soldados- luta essa bem pequenina, pois uma só palavra, um pouco de conforto moral basta para levar alguma felicidade aos que estão contribuindo para a defesa da integridade do nosso Portugal.
OFEREÇAM-SE PARA MADRINHAS DE GUERRA. MANDEM O VOSSO NOME E A VOSSA MORADA PARA A SEDE DO MOVIMENTO NACIONAL FEMININO".

("Madrinhas de guerra". In: Revista Presença. Nº 1, 1963, p. 36-37).


"Querido militar:

(...) Lutas pela paz da tua família. Lutas para que, em tua casa, todos possam viver sem terror. Lutas para que os rapazinhos de agora tenham aquela Pátria grande e livre que herdaste!
Tu enfrentas de armas na mão, orgulhosamente, o inimigo que pretende roubar a segurança do teu lar!
Obrigada, soldado!
SAÚDA-TE A TUA MADRINHA".

("Querido Militar". In: Revista Mensagem. Nº 2, 1962, p. 2).

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